Está em curso um ambicioso programa de investimentos privados destinado ao escoamento, pelos portos da região amazônica, de grande parte da safra de grãos - soja, milho e farelo de soja - produzida no Centro-Oeste.
O objetivo é superar, a médio prazo, os gargalos no transporte ferroviário, rodoviário e hidroviário presentes nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que ameaçam a competitividade do agronegócio brasileiro, principal pilar das contas externas, com superávit comercial anual de cerca de US$ 80 bilhões.
Os principais grupos exportadores de grãos (Bunge, Cargill, Maggi e Dreyfus) e a Estação da Luz Participações (EDLP) desenvolveram o projeto Pirarara, que prevê investimentos de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões para criar três ramais ferroviários: entre Sapepal, em Mato Grosso, e Porto Velho, em Roraima, para embarque na hidrovia do Rio Madeira; entre Sinop, em Mato Grosso, e Miritituba, no Pará, onde será usada a hidrovia do Rio Tapajós; e entre Água Boa, em Goiás, e Campinorte, em Mato Grosso, onde está a Ferrovia Norte-Sul.
O projeto depende do governo federal, pois contempla uma mudança no programa federal de concessões, que prevê, atualmente, apenas um ramal no Estado de Mato Grosso, ligando Lucas do Rio Verde a Campinorte, onde se integrará com a Norte-Sul. A EDLP pretende encurtar o trajeto em 500 km, permitindo reduzir em R$ 40,00 por tonelada o custo do frete.
Investimentos para viabilizar o transporte multimodal já estão em curso, mostrou reportagem recente do jornal Valor. A Bunge já investiu R$ 700 milhões numa estação fluvial de transbordo de cargas e um terminal portuário em Miritituba, prevendo escoar 2,5 milhões de toneladas de grãos nesta safra e 4 milhões de toneladas na safra 2014/2015. Hoje, para chegar a Miritituba, as cargas têm de ser transportadas pela BR-163, em mau estado de conservação, o que onera o custo do deslocamento da safra. Outras empresas já investem pesadamente em Miritituba, como Cargill, Hidrovias do Brasil, Cianport, Unirios, Chibatão Navegações e Reicon.
Até 2020, os investimentos nesses projetos de logística deverão permitir o escoamento de 50 milhões de toneladas de grãos por ano, propiciando uma grande economia em relação ao transporte hoje dependente de rodovias ruins e portos lotados, como Santos e Paranaguá.
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